sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A luz da história

Jovens do Bairro da Luz visitam o passado

Missão cumprida. Assim pode ser definida a segunda semana do projeto “Minha Rua Tem História”. Isso tudo graças ao empenho da oficineira Michelle Vieira, que, junto com sua assistente, Simone Ribeiro, deu um duro danado para acabar com a preguiça de alguns jovens. Preguiça de pensar.

Uma semana de exercício e dinâmicas de grupo foi o bastante para entrosar as turmas que se reúnem, de terça à sexta-feira, na E.M. Julio Rabel. Agora, Michele precisa até criar regras para que cada um fale na sua vez, senão todo mundo fala ao mesmo tempo.

A missão da segunda semana de trabalho foi a seguinte: cada um devia trazer uma história sobre alguma árvore plantada na rua onde mora. O resultado não podia ser melhor. Abaixo, leia as histórias que mais mexeram com os jovens do Bairro da Luz.


A taça
>> Taína Jéssica Gonçalves Lima >> Bairro Jardim Iguaçu >> Sonho Ser dentista

O casamento da prima da minha amiga foi muito divertido e me rendeu boas histórias, como essa que eu vou contar agora.

Durante o casamento foi servido uma bebida muito conhecida, a batida. Essas batidas eram servidas em uma taça de vinho, muito diferente das que eu já tinha visto antes. Era uma taça pequena e com laçinhos, que me chamaram muito a atenção. Então me veio à cabeça a idéia de levar aquela tacinha tão bonitinha pra casa, mas eu não sabia onde guardá-la, já que não tinha bolsos nem bolsa. Não queria ficar a festa inteira andando com aquela tacinha na mão, muito menos a colocaria em qualquer lugar e correr o risco do garçom jogar ela fora.

Uma das minhas amigas, a fim de jogar um pouco de conversa fora, propôs que fossemos andar um pouco na rua. No meio do caminho, na Rua Lambari, avistei uma daquelas arvorezinhas de calçada e pensei: “Vou guardar a tal tacinha entre os galhos daquela árvore.” Ali, a tacinha ficaria bem mais protegida.

A festa acabou. Eu, pacientemente, esperei o dia seguinte chegar. Fui até o local onde ficava a árvore, olhei para um lado e para o outro, para ver se vinha alguém. Afinal, o que os outros poderiam pensar de uma menina tirando uma taçinha de dentro de uma árvore? Depois de retirar, finalmente levei a taçinha para casa, mas, mal se passaram três dias, meu pai quebrou acidentalmente minha taçinha. Todo meu esforço para levá-la para casa foi em vão. Eu, “‘p’ da vida”, fiquei perguntando pro meu pai: “Poxa, você sabe o esforço que eu tive pra trazer essa taça?”
......

Jamelão da Salvação
>> Gleice Kelly da S. Nogueira >> Bairro Jardim Iguaçu >> Sonho Ser médica

Há uma ou duas décadas, uma história curiosa, contada por Gleice Kelly, aconteceu com a sua prima em um pé de jamelão que fica no Campo de Aviação.

Minha prima era uma jovem levada, sem juízo, “doida da cabeça”, que tinha um grupinho de amigos descompromissados e rebeldes. Ela e seus amigos gostavam de se encontrar embaixo de um pé de jamelão, plantado no Campo de Aviação. Lá eles batiam papo, faziam doideiras, ficavam doidões, fumavam maconha etc. Certo dia, bem na hora do encontro do grupo, após todos já estarem curtindo a ‘viagem da alucinação’, surgiu o barulho das sirenes. Era a polícia. E estava em busca dos jovens.

Com muito medo, todos correram. Menos minha prima. Assustada e sem saber o que fazer, minha prima tirou forças, não sei de onde, para subir e se esconder dos policiais no milagroso pé de jamelão que a livrou da prisão. Seus amigos que tentaram escapar correndo foram pegos e levados presos.

Em cima da árvore, minha prima esperou os policiais irem embora. Depois de horas de sufoco, a menina desceu da árvore jurando para si mesma que jamais fumaria maconha devido à vergonha que passou. A árvore está viva até hoje. Além de dar frutos, constrói várias histórias.
......

Polícia e ladrão: Esquecido no pé de jamelão
>> Rodrigo Diego Cyllio Guimarães >> Bairro Jardim Iguaçu >> Sonho Ser professor de educação física

Antigamente eu e meus colegas gostávamos muito de brincar de policia ladrão. A gente começava a brincar à tardinha, e íamos até o fim da noite, quando os nossos pais nos chamavam.
Certo dia, durante a brincadeira, alguns meninos pegaram o colega que era o ladrão. Eles amarraram o menino num pé de jamelão que fica lá no Campo de Aviação. Depois de procurar o garoto por muito tempo, os demais jovens acharam que ele tivesse parado de brincar e ido embora. Ledo engano.

A brincadeira acabou. Os meninos ficaram conversando durante um tempinho na esquina, mas, depois de alguns minutos, foram para casa esquecendo o menino aprisionado na árvore. A mãe do garoto aprisionado começou a ir, de casa em casa, procurar o seu filho, perguntando para os demais garotos onde ele havia se metido. Eles respondiam que ele já tinha ido para casa há bastante tempo.

A mãe do menino foi até a minha casa perguntar sobre o seu filho. Meu pai arregalou um olhão, e meus amigos que estavam por perto rapidamente lembraram-se do garoto. Na mesma hora, eles foram buscar o menino esquecido no pé de jamelão.

Quando chegaram ao local, avistaram o menino chorando muito. Depois disso, os garotos foram embora e deixaram a mãe e o filho por lá. Eles contaram que a mãe se desesperou ao ver o filho amarrado. Ela gritava:

– Ah! Meu Deus! Meu filho! Meu Filho!
......

Cuidado com a "Xixi Vovó"
>> Rodrigo Diego Cyllio Guimarães

Ao lado da casa da minha vó, mora uma velha louca que cozinhava em um fogão improvisado com tijolos e panelas de lata. A velha é chamada de Xixi Vovó. Desde pequeno eu era amedrontado por ela. A minha vó dizia que, se eu a desobedecesse, chamaria Xixi Vovó para me pegar, pois ela corria atrás das pessoas na rua. Todos tinham medo dela. Certo dia, um amigo chegou e perguntou:

– Vamos roubar coco na casa da Xixi Vovó?

Eu respondi

– Não! Tu tá maluco? A Xixi Vovó vai nos pegar!

Depois de um tempo discutindo, decidimos roubar coco na casa da Xixi Vovó, já que ela não estava em casa e só iria voltar mais tarde, segundo o meu amigo.

Começamos a pegar os cocos com um bambu e a dividi-los. Um pra cada um.

De repente, ouvimos uma voz alta que dizer

– Bonito, né? Roubando coco!

Eu e meu amigo ficamos olhando para todos os lados, querendo saber quem tinha gritado. De onde vinha aquela voz? Só podia ser a Xixi Vovó. Na hora do desespero, corremos para pular o muro de volta pra casa da minha vó. Só que nessa hora a gente não conseguia pular o muro de jeito nenhum. Tentamos subir pela bananeira. Quando a gente chegava ao topo da árvore, escorrega. A gente subia, caía, subia, caía, sem parar. Por fim, não sei como, conseguimos subir no muro.

Já em cima do muro, vimos que quem estava gritando não era a Xixi Vovó. O susto foi à toa.

Na verdade, foi outra vizinha que perguntou.

– Por que vocês correram?- perguntou a vizinha.

– Estávamos achando que fosse a velha maluca, a Xixi Vovó.

2 comentários:

Daniel Santos disse...

Muito boas as historias .

Todas me chamam atenção, por ja ter passado pro historias parecidas.

Mas essa do policia ladrão e roubo de cocos. Pow Muito boas

Achava q eu e a galera da minha rua eramos os unicos q zoavamos e tocavamos terror... agora vejo que não eramos os unicos a fazer doidera

da pra viajar nessas histórias

Unknown disse...

Fala ai rapaziada!
Eu sou Rodrigo Diego autor de duas histórias desse blogger e ganhador de 10 horas na lan, quero dizer que nossas histórias estão super maneiras e engraçadas, mas não para por ai não ainda vem muito mais por ai... Entre e de a sua conferida.